Era uma vez uma menina do tamanho de você. O nome dela era Bia.
Bia era uma menina bonitinha, esperta e sapeca. E além de ser uma menina bonitinha, esperta e sapeca, era uma menina ENCANTADA!
Bia era uma menina encantada porque quando era um nenezinho, uma estrela desceu do céu, entrou pela janela e espalhou todo seu brilho sobre Bia... e ela ganhou poderes mágicos!
Bia só descobriu isso numa tarde fria e feia de chuva. Uma tarde em que ela não pôde sair para brincar. Que chato!
Ela já tinha lido milhões de vezes todos os seus livros de histórias.
Ela já tinha desenhado em todas as folhas de papel em branco. Seus lápis estavam pequenininhos de tanto apontar.
Ela já tinha trocado de canal várias vezes e não achou nenhum desenho legal pra assistir. Seus dedos já estavam com calo de mexer no controle remoto da TV.
Foi aí que Bia teve uma ideia genial!
Pegou tesoura, pegou papel, cortou daqui, cortou dali e fez um lindo bonequinho de papel. Sentou no chão da sala, colocou o bonequinho numa fresta do assoalho, fechou os olhos e disse sua palavra mágica:
__Abrasasasplim!
E o bonequinho virou muitos bonequinhos... todos cheios de vida, pulando, gritando, correndo, cantando em volta de Bia. A menina brincou de roda com eles, contou uma porção de histórias até que chegou a hora de dormir.
No dia seguinte, o pai de Bia trouxe uma surpresa: uma gaiola. Dentro da gaiola um lindo Curió. E como cantava bonito! Bia passava tardes em volta da gaiola, pulando, mexendo com o passarinho, cantando como ele.
Mas a menina percebeu que o Curió não voava dentro da gaiola. Ficava sempre pulando de poleiro em poleiro e nunca usava suas asas tão bonitas.
__Já sei! - pensou a menina - Deve ser porque a gaiola é muito pequena! Ele não consegue esticar suas asas! Vou usar minha palavra mágica e fazer a gaiola crescer!
Fechou os olhos, se concentrou e disse:
__Abrasasasplim!
Mas nada aconteceu. Tentou de novo e nada. Na terceira vez, falou com toda a força e...
A GAIOLA SUMIU!
O Curió olhou para Bia, olhou para a janela da sala, olhou para Bia de novo e... voou através da janela.
__Que bom! Que bom! Eu disse que ele sabia voar! - exclamou Bia toda animada. - Logo, logo ele estará de volta!
Mas o Curió não voltou. Não voltou naquela tarde, não voltou na tarde do outro dia. Não voltou nem na tarde do dia depois daquele dia, nem em nenhuma tarde de nenhum dia. Não voltou!
__Vai ver que o Curió não queria meia liberdade... queria liberdade inteira! Não queria uma liberdade de só esticar as asas dentro de uma gaiola maior! O Curió queria uma liberdade de verdade: poder voar pela imensidão do céu, poder comer todos os farelinhos e bichinhos gostosos que quisesse!
E Bia começou a perceber que sua palavra mágica não servia pra tudo... e começou a esquecê-la.
__Não, Bia, não é essa!
__Seria PIRLIMPIMPIM!?
__Não, Bia, também não!
__Já sei: ABRACADABRA!
__Não, Bia, você esqueceu!
__Peraí... era... era... ABRASASASPLIM!
Bia descobriu que havia outras palavras mágicas que deixavam as pessoas felizes, terminavam com problemas, acabavam com as tristezas e a raiva.
Palavras como: desculpe, por favor, com licença, parabéns, que inteligente que você é!, que bom que você veio! Havia também músicas e histórias que deixavam as pessoas melhores.
E Bia foi crescendo. Aos poucos, a menina percebeu que ela não tinha esquecido a palavra mágica. Bia descobriu que não importa o quanto se cresça, uma criança que foi encantada nunca perde o seu encanto.
Suppa
Editora Girafinha
Um comentário:
Adoro Literatura Infantil e este espaço é soberbo.
Estou a te seguir e obrigada por passar pelo meu INFINITO.
Um grande abraço
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