Ele e a mãe viviam numa casinha muito simples no meio do campo. Eles passavam muita fome. Havia dias em que não tinham nem um pedacinho de pão para comer.
Numa manhã, quando a barriga doía de fome, a mãe de Joãozinho lhe entregou algo para vender na feira.
__Nossa vaquinha, mamãe? Você tem certeza que quer vender a vaquinha?
Querer a mãe não queria, mas não havia escolha. E Joãozinho saiu para a feira tão triste quanto a mãe por ter de vender a vaquinha que durante tanto tempo tinha dado leite para eles.
Na feira, Joãozinho encontrou um homem muito mal-encarado.
__E, então, menino? – disse ele gritando – vai querer ou não vender a vaca?
__Querer eu não quero, moço! Mas não tem outro jeito! Quanto o senhor me dá por ela?
E o moço mal-encarado entregou a Joãozinho três feijões.
__Só isso?! – admirou-se o menino.
__E já é demais... esta vaca está só pele e osso e não dá mais leite... o que você queria? E fique satisfeito porque os feijões são MÁ-GI-COS.
“Mágicos... feijões mágicos... vou levar para a mamãe... que sorte eu tive.” E assim ia pensando Joãozinho, pensando em como a mãe ia ficar feliz.
Mas não foi isso que aconteceu. A mãe ficou muito brava: onde já se viu confiar em estranhos?
Joãozinho ainda tentou explicar que os feijões eram mágicos. A mãe não quis saber de nada, tomou os feijões da mão do filho e jogou pela janela.
Naquela noite, os dois foram dormir tristes. A mãe triste de preocupação por não saber o que comeriam no outro dia. João triste por ter deixado mãe ainda mais triste do que já estava.
Durante a madrugada algo muito estranho aconteceu: os feijões brotaram e uma plantinha muito verde começou a subir pela parede da casa e foi na direção do céu se perdendo no meio das nuvens.
De manhã...
__Ué? Por que não tem sol no meu quarto? Já é de manhã... por que tudo ainda está escuro?
Foi então que Joãozinho viu que a sombra no seu quarto era o gigantesco pé-de-feijão que havia crescido durante a noite.
__Oba! Oba! Eu sabia que os feijões eram mágicos! Agora eu vou subir até as nuvens e ver se encontro um presente para alegrar a mamãe!
E assim Joãozinho fez. Subiu, subiu até se perder também no meio das nuvens.
Lá em cima o menino encontrou uma surpresa.
__Nossa, que casa enorme... que janelas gigantescas... que portas gigantescas... que mesa gigantesca...
Em cima da mesa Joãozinho encontrou um prato enorme e talheres muito grandes.
__Se o prato e os talheres são grandes assim imagina o tamanho da refeição.
E já ia colocando o guardanapo no pescoço quando ouviu...
__Fá, fé, fi, fó, fuso! Estou sentindo cheiro de intruso!
__Ai, ai, ai! – disse Joãozinho – Esta casa deve ser do Gigantão Grandão.
__Fá, fé, fi, fó, fino! E é cheiro de menino!
E Joãozinho, mais que depressa, escondeu-se embaixo do gigantesco guardanapo que havia sobre a mesa.
O Gigantão Grandão começou a devorar tudo com muita pressa.
__Queria mesmo era provar um menino assado! – dizia ele de vez em quando, cheirando o ar para tentar sentir novamente o cheiro de Joãozinho.
E tanto o Gigantão Grandão comeu que começou a bater nele uma grande vontade de dormir. Para se distrair ele foi buscar sua galinha de estimação, muito gordinha e muito bonitinha. Colocou-a em cima da mesa e com sua voz grossa de gigante mandão falou assim:
__Fá, fé, fi, fó, fouro! Bote já e já um lindo ovo de ouro!
A galinha fez um esforço enorme e depois de um tempo botou sobre a mesa um ovo de ouro maciço.
__Você já fez melhor! – disse o Gigantão muito bravo. – Vou dormir e quando voltar quero ver você colocar um ovo maior que de uma avestruz.
Enquanto o gigante dormia, Joãozinho saiu de seu esconderijo e, pé ante pé, pegou a galinha, colocou embaixo do braço e correu em direção ao pé de feijão. Estava quase chegando quando tropeçou numa bacia de lata que estava no chão.
PLÉÉÉÉIN! - fez a bacia... e com o barulho o Gigantão acordou.
__Quem está aí? Ah! Um menino! Eu sabia, eu sabia, bem que eu senti o cheiro!
Joãozinho mais que depressa começou a descer o pé de feijão. E o gigante descia atrás, gritando e ameaçando o menino.
Finalmente, Joãozinho conseguiu chegar em casa e pegou um machado.
__Um, dois, três e... já!
Com um golpe de machado o pé de feijão veio abaixo com gigante e tudo. E o Gigantão Grandão abriu um buraco tão fundo ao cair que nunca mais conseguiu sair dele.
__Venha ver, mamãe! Venha ver a linda galinha de ovos de ouro que eu trouxe.
E, assim, Joãozinho e a mãe nunca mais passaram fome.
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