Adonis

Adonis era um elefantinho como qualquer outro: gostava de correr por entre as árvores, tomar banho molhando o corpo todo com sua tromba e depois se esfregar na lama para ficar secando ao sol.
Um dia, depois de ter tomado banho e deitado na lama, Adonis olhou sua imagem refletida na água e teve uma grande supresa: ELE TINHA ASAS!

Asas?!

Sim... Adonis via refletido na água um par de asinhas coloridas!

O elefantinho ainda tentou se livrar daquelas asinhas pulando e correndo de um lado para outro.  Não adiantou nada: elas continuavam grudadas nas costas do Adonis.

"Se eu tenho asas - pensou ele - talvez eu não seja um elefante!  Talvez eu seja um passarinho!!"

E Adonis correu subir numa árvores muito alta para tentar fazer amizade com os passarinhos e - quem sabe - aprender a voar.

Mas você deve imaginar o que acontece quando um elefante de quatro toneladas tenta subir numa árvore, não é?

O galho em que Adonis estava quebrou e o elefantinho veio rolando de cima da árvore até bater de bunda no chão.

"Hum! - pensou novamente nosso amiguinho - Até ontem eu não sabia que era um passarinho, então eu não comia com um passarinho.  Se eu começar a comer só minhocas, vou ficar levinho, levinho e poderei voar como todos os outros passarinhos".

E foi isso que ele fez.  Que difícil era cavoucar a terra, suas patas e sua tromba não eram feitas para isso!  E aquelas minhocas que Adonis encontrou andando sobre a terra tinham um gosto horrível.... eeeecaaa!!!

O elefantinho ficou muito, muito triste.  Afinal, quem ele era?  Um elefante não tem asas... e ele tinha.  Um passarinho voa e come minhocas... e ele não conseguia fazer isso.

Então, Adonis resolveu fazer como os elefantes velhos, que vão para bem longe do grupo quando desconfiam que irão morrer. Caminhando devagarinho, nosso amiguinho foi parar embaixo de um enorme baobá e lá se encolheu até a noite chegar.

Enquanto isso acontecia, a Mamãe de Adonis procurava pelo filhinho.  Onde ele podia ter se escondido?

Primeiro a Mamãe ficou muito brava e disse:

__Ah! Quando eu encontrar esse menino, mato ele!

Depois, ela ficou muito preocupada:

__Será que aconteceu alguma coisa?  Ah! Quando eu encontrar esse menino, quero abraçá-lo e beijá-lo muito, muito!

Finalmente, quando a brabeza e a preocupação diminuíram um pouco, ela resolveu:

__Vou procurá-lo, depois decido se matou ou se faço carinho.

 E a Mamãe saiu procurar o Adonis.  Procurou no lago onde ele havia tomado banho de manhã, mas só encontrou a lua refletida na água.  Procurou na árvore onde ele havia subido, mas só encontrou o galho quebrado e os passarinhos dormindo nos ninhos.  Procurou pelo campo onde ele havia tentado cavoucar a terra em busca de minhocas, mas só encontrou as pegadas do elefantinho.

Caminhando muito, a Mamãe encontrou o enorme baobá.  Lá estava Adonis, deitado, dormindo, encolhido de medo e de frio.  A Mamãe chegou pertinho e - com sua tromba - foi fazendo carinho nas costas do filho.

__Mas o que é isso, menino?! - falou ela indignada. - Além de fugir de casa, nem toma banho direito?!

E a Mamãe, com um peteleco de tromba, mandou embora a borboleta colorida que tinha ficado presa na lama das costas do Adonis.

 Autora: Blandina Franco

Ilustrações: Isabel Nadal

Editora: Companhia das Letrinhas