9 de dezembro de 2010

Pedro Malasartes e a sopa de pedra

Como sempre, Pedro Malasartes estava na estrada...
Como sempre, Pedro Malasartes estava sem um tostão furado...
Como sempre, Pedro Malasartes estava com fome...
Como sempre, Pedro Malasartes teria que aprontar alguma para encher a pança.
Surge, então, um lindo sítio.  Casinha branca bem pintada.  Galinheiro e chiqueiro no terreiro
Horta bem cuidada.
"É aqui que me dou bem", pensa ele com seus botões.
__Bom dia, minha senhora! - grita ele do portão.
__Dia, moço! - grita a dona do sítio meio desconfiada.
__Minha senhora, a senhora poderia dar abrigo a um pobre viajante, que anda cansado por essas terras?
__Óia, moço... eu sô pobre... ocê pode vê... tenho pouquinha coisa... não tenho como lhe dá de comê...
Malasartes percebe que a mulher é a maior avarenta que ele já conheceu.  Pão-dura pra valer, sovina mesmo.
__A senhora não se apreocupe não... - diz ele, com ar de tranquilidade. - Basta que a senhora me empreste uma panela e um pouquinho de água...côsa pôca... Eu me arranjo cum u resto.
__Mas, moço, o que ocê vai fazê cum só isso...
__Ara, pois então a senhora num conhece a sopa de pedra?
__Sopa de pedra... nunca ouvi não...
E Malasartes pega uma pedra no terreiro, lava bem lavadinha, enche a panela com água e joga a pedra lá dentro.  Em seguida, coloca sobre o fogão a lenha e senta na cadeirinha da cozinha.
A mulher fica curiosa. Ainda mais curiosa quando, volta e meia, Malasartes vai olhar a panela e mexer o conteúdo com uma colher de pau.
__Tá ficando boa a sopa - pergunta a mulher meio curiosa, meio desconfiada.
__Tá sim... mas ficaria mió se tivesse um pouquinho de sal.
__Num seja por isso, moço... uma pitadinha de sal não vai fazer falta.
E a mulher joga um pouquinho de sal dentro da panela...
__Agora sim... mas ficaria melhor se tivesse uma rodelas de cenoura...
A mulher, curiosa com a sopa, busca na horta duas cenouras, pica-as e entrega a Malasarte.
__Sopa gostosa essa de pedra - diz ele jogando a cenoura na panela. - Ficaria ainda melhor se tivesse uma batatinha.
A mulher, curiosa e intrigada com o milagre da sopa de pedra, entrega a ele duas batatinhas.  Malasarte põe com gosto dentro da panela.
__Humm... vai ficar uma gostosura - diz ele. - E mió ficaria se tivesse um pedacinho de carne.
__Não seja por isso, moço - diz a mulher. - Tenho cá uma coxinha da galinha que assei ontem pro almoço.  Não vai me fazer falta.
E Malasartes ganha a coxinha.
Cozinha que cozinha, a sopa fica pronta e Malasartes toma-a com gosto.
__Ué, moço... e a pedra? - pergunta a dona do sítio, olhando para a panela vazia em que só havia a pedra dentro.
__A pedra? Ah! A pedra eu vou levar pra enganar outro trouxa pão-duro que eu encontrar....
E Malasartes sai correndo do sítio antes que a mulher tenha tempo de pensar...
Esse Malasartes!!!






coleção em quatro volumes... imperdível!!!

Ana Maria Machado

Editora Cia. das Letrinhas

2 comentários:

Jacque disse...

Parabéns pelo BLOG... estava a procura desta versão da SOPA DE PEDRA. Sou Contadora de Histórias também, amo livros e quero divulgá-los aos 4 cantos da terra...
Para nver meu trabalho, acesse You Tube: jacquelinehmaish

Anônimo disse...

PARABÉNS RELO BLOG!!
ESTA HISTÓRIA É ÓTIMA!
VOCÊS SÃO 10!!!
CIBELE










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