Como sempre, Pedro Malasartes estava sem um tostão furado...
Como sempre, Pedro Malasartes estava com fome...
Como sempre, Pedro Malasartes teria que aprontar alguma para encher a pança.
Surge, então, um lindo sítio. Casinha branca bem pintada. Galinheiro e chiqueiro no terreiro
Horta bem cuidada.
"É aqui que me dou bem", pensa ele com seus botões.
__Bom dia, minha senhora! - grita ele do portão.
__Dia, moço! - grita a dona do sítio meio desconfiada.
__Minha senhora, a senhora poderia dar abrigo a um pobre viajante, que anda cansado por essas terras?
__Óia, moço... eu sô pobre... ocê pode vê... tenho pouquinha coisa... não tenho como lhe dá de comê...
Malasartes percebe que a mulher é a maior avarenta que ele já conheceu. Pão-dura pra valer, sovina mesmo.
__A senhora não se apreocupe não... - diz ele, com ar de tranquilidade. - Basta que a senhora me empreste uma panela e um pouquinho de água...côsa pôca... Eu me arranjo cum u resto.
__Mas, moço, o que ocê vai fazê cum só isso...
__Ara, pois então a senhora num conhece a sopa de pedra?
__Sopa de pedra... nunca ouvi não...
E Malasartes pega uma pedra no terreiro, lava bem lavadinha, enche a panela com água e joga a pedra lá dentro. Em seguida, coloca sobre o fogão a lenha e senta na cadeirinha da cozinha.
A mulher fica curiosa. Ainda mais curiosa quando, volta e meia, Malasartes vai olhar a panela e mexer o conteúdo com uma colher de pau.
__Tá ficando boa a sopa - pergunta a mulher meio curiosa, meio desconfiada.
__Tá sim... mas ficaria mió se tivesse um pouquinho de sal.
__Num seja por isso, moço... uma pitadinha de sal não vai fazer falta.
E a mulher joga um pouquinho de sal dentro da panela...
__Agora sim... mas ficaria melhor se tivesse uma rodelas de cenoura...
A mulher, curiosa com a sopa, busca na horta duas cenouras, pica-as e entrega a Malasarte.
__Sopa gostosa essa de pedra - diz ele jogando a cenoura na panela. - Ficaria ainda melhor se tivesse uma batatinha.
A mulher, curiosa e intrigada com o milagre da sopa de pedra, entrega a ele duas batatinhas. Malasarte põe com gosto dentro da panela.
__Humm... vai ficar uma gostosura - diz ele. - E mió ficaria se tivesse um pedacinho de carne.
__Não seja por isso, moço - diz a mulher. - Tenho cá uma coxinha da galinha que assei ontem pro almoço. Não vai me fazer falta.
E Malasartes ganha a coxinha.
Cozinha que cozinha, a sopa fica pronta e Malasartes toma-a com gosto.
__Ué, moço... e a pedra? - pergunta a dona do sítio, olhando para a panela vazia em que só havia a pedra dentro.
__A pedra? Ah! A pedra eu vou levar pra enganar outro trouxa pão-duro que eu encontrar....
E Malasartes sai correndo do sítio antes que a mulher tenha tempo de pensar...
Esse Malasartes!!!
coleção em quatro volumes... imperdível!!!
Ana Maria Machado
Editora Cia. das Letrinhas
2 comentários:
Parabéns pelo BLOG... estava a procura desta versão da SOPA DE PEDRA. Sou Contadora de Histórias também, amo livros e quero divulgá-los aos 4 cantos da terra...
Para nver meu trabalho, acesse You Tube: jacquelinehmaish
PARABÉNS RELO BLOG!!
ESTA HISTÓRIA É ÓTIMA!
VOCÊS SÃO 10!!!
CIBELE
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