10 de dezembro de 2011

Dona Baratinha

Dicas legais

* Este texto tem um nome diferente: chama-se roteiro.  É o nome que recebem os textos de teatro.
* Num teatro, cada personagem tem sua fala.  Por isso, antes de cada fala tem o nome do personagem que fala.
* Entre parênteses, aparece o jeito como o personagem deve dizer cada fala ou se está alegre, triste, irritado, sonolento, animado...
* Ensaie esta peça de teatro com alguns amiguinhos e depois, usando roupas velhas ou que estejam esquecidas no guarda-roupa, crie personagens bem legais e apresente para toda a sua família.
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Dona Baratinha

NARRADOR
Era uma vez uma baratinha linda, que gostava muito de se enfeitar com uma fita no cabelo.  Era muito trabalhadeira e vivia limpando sua casinha.  Um dia, quando varria o chão da casa, ela encontrou...
DONA BARATINHA
Uma moedinha!  Uma linda moedinha dourada!
NARRADOR
... e foi para dentro de sua casinha buscar...
DONA BARATINHA
Uma caixinha!  Uma linda caixinha para servir de cofrinho para minha moedinha!  Preciso guardá-la muito bem, afinal estou RI-CA!
NARRADOR
E Dona Baratinha teve uma ideia genial!
DONA BARATINHA
Se estou rica, já posso me casar!  Quem quer ser meu marido? (anda pelo palco, perguntando para a plateia)Você quer? (pergunta para pessoas específicas) (cantando.)
Quem quer casar com a Dona Baratinha
Que tem fita no cabelo
E dinheiro na caixinha?
BOIZINHO
Eu!  Eu quero Dona Baratinha!  Eu gostaria muito de casar com a senhora! (fala se aproximando do palco.)
DONA BARATINHA
Pois então suba aqui, senhor Boizinho! (o Boizinho sobe.)O senhor é muito bonito!  Estou mesmo à procura de um bom marido!  Mas há uma condição!
BOIZINHO
Qual?  Diga, por favor, Dona Baratinha!
DONA BARATINHA
Preciso saber: como é a sua voz?
BOIZINHO
Mmmmmmmm! E para quê? (com ar intrigado-indignado.)
DONA BARATINHA
É que eu gosto muito de dormir tranquila e bem sossegada, sabe, seu Boizinho... Vamos lá, diga como é a sua voz... (decidida.)
BOIZINHO
Mmmmmmmmm!  Se é assim, eu digo.  Lá vai.  Minha voz é assim: MUUUUUUUUUU!
DONA BARATINHA
Credo, seu Boizinho!  Que voz mais feia!  Imagina se eu acordo no meio da noite com esse seu ronco?!  Pode ir embora!  Pode ir pastar em outros gramados!
NARRADOR
E lá se foi o seu Boizinho, triste, amuado, pastar em outros campos.  E Dona Baratinha seguiu em sua procura.
DONA BARATINHA
(canta a música-tema do personagem.)
BODE
Eu!  Eu quero!
DONA BARATINHA
Olá, senhor Bode!  (toda meiga.)Vejo que o senhor é decidido! Pois bem, há uma condição para poder casar comigo!
BODE
E qual é ela, Dona Baratinha?  Diga que eu farei!
DONA BARATINHA
Ah!  Eu só caso se o senhor me contar como é a sua voz!
BODE
Ora, e por quê?
DONA BARATINHA
Ah, senhor Bode!  É que eu adoro ler livros, muitos livros!  Minha casa está cheia deles e... (sendo interrompida pelo Bode.)
BODE
Eu também adoro livros, sabe?  Adoro roera as capas grossas e mastigar as folha tão macias que eles têm dentro...ééééé
DONA BARATINHA
Hum...  (já sem muito ânimo.) Pois então, eu preciso saber como é a sua voz.  Diga!
BODE
Ah, se é assim, sim!  Minha voz é assim: MÉÉÉÉÉÉÉ!
DONA BARATINHA
Nossa!  Que susto que eu levei!  Com o senhor não caso não!  Imagine eu lendo calmamente meus livros e o senhor falando aos berros?!  Sou capaz de me perder na leitura e nem conseguir terminar o parágrafo.... Pode ir embora e já!
NARRADOR
E lá se foi seu Bode, de barbicha caída, triste pelo caminho.  Dona Baratinha voltou a procurar.
DONA BARATINHA
(cantando a música-tema do personagem)
BURRO
Com licença, Dona Baratinha!  Eu gostaria muitíssimo de casar-me com tão linda e distinta dama!  A senhorita me daria esta honra? (curva-se e beija a mão da Baratinha que ergue a mão do Burro e rodopia sobre as mãos dadas.)
DONA BARATINHA
Que encanto!  Que educação!  Que pelo bem limpo... sedoso... macio!  Que sapatos bem lustrados! (admirando-se cada vez mais.) (falando para o público em segredo.) Deve ser um príncipe... no mínimo! (voltando-se para o Burro.) Com muito prazer!  O senhor Burro parece ser o marido dos sonhos de qualquer baratinha que honre sua casquinha!  Só tenho uma condição! (firme, mas meiga.)
BURRO
E qual seria ela, senhorita Dona Baratinha?  Atenderei prontamente a quaisquer de seus desejos!
DONA BARATINHA
Eu gostaria muito de saber, senhor Burro, como é a sua voz!
BURRO
É claro que sim!  Mas mate uma curiosidade minha... por quê?
DONA BARATINHA
Ah! É que eu gosto de fazer minhas refeições bem sossegada, sem muito barulho ou sem muita gente falando pelos cotovelos e de boca cheia ainda por cima!
BURRO
Mas com certeza, minha querida Baratinha! (pegando suavemente o queixo da Baratinha.)Também detesto gente faladeira, ainda mais na hora das refeições.  Pois bem... minha voz é assim... (vira-se e começa seu treino vocal) Pá-pé-pi-pó-pu...(repete isto três vezes, quando é interrompido pela Baratinha.)
DONA BARATINHA
(suave e meiga.) Vamos logo, senhor Burro!  Não temos o dia inteiro! Por favor!
BURRO
Dona Baratinha!  (diz, fazendo uma mesura.) Minha voz é assim: HIÓÓÓ-HIÓÓÓ-HIÓÓÓ (fala com barulho, erguendo a perna direita como num coice.)
DONA BARATINHA
Meu Deus do céu!  Que é isso, senhor Burro?  Uma voz dessas num senhor tão distinto?  Não caso não!  Imagine o senhor gritando desse jeito na hora das refeições... sou capaz de engasgar com a comida ou ter uma indigestão!  Leve essas orelhas de burro para longe daqui!!
NARRADOR
E lá se foi o senhor Burro, todo triste, com suas orelhas debaixo do braço.  Dona Baratinha, já desanimada, voltou a procurar.
DONA BARATINHA
(cantando/declamando a música-tema do personagem.)
RATINHO
Eu quero... eu quero... (diz em tom baixo e calmo.)
DONA BARATINHA
Seu Ratinho! (admirada e alegre ao mesmo tempo.) O senhor... tãopequenininho...
RATINHO
Sempre fui seu admirador secreto!  Sempre a achei a Baratinha mais linda e mais simpática de toda a Feira do Livro!  Eu gostaria muito de me casar com a senhora!
DONA BARATINHA
Que bom, seu Ratinho!  Vejo que você é encantador!  Mas eu tenho uma condição...
RATINHO
Qual? (ansioso.) Diga! Diga, que eu farei imediatamente!
DONA BARATINHA
Eu quero saber como é a sua voz!
RATINHO
Minha voz?!  Por que, Dona Baratinha?
DONA BARATINHA
Seu Ratinho, são três os meus motivos (aponta três dedos em riste para o público.) O primeiro (aponta o dedo diretamente no nariz do Ratinho.) é que eu gosto de dormir calma e sossegada, sem ninguém roncando por perto.  O segundo (aponta dois dedos diretamente no nariz do Ratinho.) é que eu gosto muito de ler e não gosto de ninguém falando ao meu lado quando estou concentrada em minhas leituras.  E o terceiro (aponta três dedos diretamente no nariz do Ratinho) é que eu gosto de fazer minhas refeições sem muita falação ao meu redor, para não ter indigestões...
RATINHO
Ah! A senhora vai gostar da minha voz.  Ela é discreta como eu!  Eu ando nos cantinhos da casa, sem chamar atenção e ando tão devagarzinho que ninguém nota meus passos.  Também não deixo meu rabinho preso em qualquer canto.  A senhora vai gostar...
DONA BARATINHA
Então diga, por favor, como é a sua voz...

RATINHO
É assim: QUI-QUI-QUI-QUI...
DONA BARATINHA
Que maravilha! (toda feliz.) Espere só um pouquinho (busca o véu, coloca na cabeça.) Com o senhor eu caso (os dois dão-se os braços e caminham até o proscênio.)
NARRADOR
E a festa foi um sucesso.
DONA BARATINHA
Foi mesmo!  Olha só o vestido lindo que eu estou usando!  E a festa teve de tudo: brigadeiro, beijinho, bem-casado e um bolo de... sorvete!! Ah! E de prato principal: FEI-JO-A-DA!
RATINHO
(mostra a cabeça no palco e fala baixinho.) Fe-fe-feijoadaaaa!  Eu adoooro feijoada! (lambe os beiços.)
NARRADOR
E o senhor Ratinho não conseguiu esperar não...
Ao sentir o cheiro da feijoada caprichada
Não pensou mais em nada
E mergulhou na panela de pressão...

(o Ratinho sai limpando os beiços, esfregando a barriga, pedindo desculpas por um arroto.)
DONA BARATINHA
(indignada.)
Que vergonha!  Que vexame!
Seu guloso, mal-educado!
O que vão pensar os convidados?
Você não serve pra meu marido!
Comeu toda a feijoada!
Raspa daqui seu guloso, antes
que eu te dê uma vassourada!
(o Ratinho sai triste e esfregando a barriga.)
NARRADOR
E lá se seu Ratinho, de cara amarrada
Triste por ter perdido o casamento
E feliz da vida por ter comido a feijoada.
E Dona Baratinha tirou seu vestido de noiva, pegou sua vassourinha e se pôs a cantar:
DONA BARATINHA
Quem quer casar com a Dona Baratinha
Que tem fita no cabelo
E dinheiro na caixinha? (2x)

(voltando-se para o público do fundo)

Alguém aí quer casar comigo?
 
Acesse o roteiro para impressão, clicando na figura abaixo.
 

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